quarta-feira, 2 de maio de 2007

Quem não tem pedra, caça com satélite

A Martha é professora de uma turma de 4ª série e fez uma excursão com a garotada ao Observatório de Antares , na Universidade Estadual de Feira de Santana, na Bahia, onde foram recebidos pelo professor José Carlos do Santos.
Como tem alma de poeta, Martha faz o relato da excursão de uma forma bem diferenciada:



Eu vim à vida a passeio.
Como não sei onde fica o norte nem o leste,
me sentei do lado do Sol
e não pude o melhor da viagem: ver a vida da janela.
Abriu-se a portinhola de dentro e percorri labirintos de mim.
Quem não tem pedra, caça com satélite.
Estamos dentro de um bicho chamado galáxia.
A galáxia está caminhando e a Lua lentamente se afastando da Terra.
Para ser telúrica: Estrela é como gente, era azul, está amarela e vai morrer daqui a quatro milhões de anos.
O Sol vai engolir a Terra.
Ver as Estrelas do céu transborda a nossa emoção.
Os decibéis dentro do ônibus chegam ao limite da dor.
Mas são alegria.
Um menino em silêncio conta os cavalos na estrada.
Passa vaca,passa boi,passa enxada.
Passam mulher e homem,caminhão,borracharia,casas solitárias.
Passam folhas de bananeira e varal de cores variadas.
A poesia faz morada na boca das crianças:
quando escuto essa música sinto alívio no coração, diz Alexandre,
e Warney anuncia: o Sol é o mundo pegando fogo.

Tolerância Zero

Eis que a bolsista de doutorado, querendo ter uma graninha extra, burla a lei e vai dar aula numa universidade particular do Rio. Sim, senhores, aluno de doutorado tem que ter DEDICAÇÃO EXCLUSIVA ao bendito doutorado...
O curso: Normal Superior. Algum Ministro da Educação (não lembro mais quem era) baixou uma lei que todos os professores de 1ª a 4ª série tinham que ter nível superior, que somente aquele "Normal" que correspondia ao 2º grau não valia mais. Daí, criaram o tal curso de Normal Superior.
Vai eu lá, dar aula de Didática das Ciências, Ciências Físicas e Biológicas e Metodologia Científica.

Na aula de didática, a fim de evitar ter que corrigir 45 provas (apenas de uma turma!!!) em que ninguém escrevia lé com cré, eu propus um seminário.

Aluna,que é professora há 600 anos:
- Professora, o que é um seminário?

Professora tolerância-zero vai lá e explica.

Proponho o trabalho. Que nada mais é do que sortear um dos temas que eu tinha proposto e dar uma aula de 45 minutos, como se estivesse dando aula para uma turma de 4ª série. Ou seja (eu falei bem explicadinho): a linguagem tem que ser para alunos de 4ª série, ok?

Aluna 2, que é professora desde que o mundo é mundo:
- Não entendi!

Professora tolerância-zero:
- Você tem que dar uma aula sobre o tema sorteado como se estivesse dando aula para alunos de 4ª série.

Aluna 3:
-Mas Alline, eu não estou entendendo.

Professora quase morrendo do coração:
- QUAL PARTE VCS NÃO ENTENDERAM? AULA, 4ª SÉRIE, TEMA SORTEADO. QUER QUE EU DESENHE?
E fez-se o silêncio.

O seminário? Melhor nem lembrar...

Alline, que pode ser encontrada lá na Amazônia, tentando salvar a floresta.